quinta-feira, 7 de julho de 2011

Louca Obsessão

Misery @ 1990 @ dirigido por Rob Reiner




Paul Sheldon (James Caan) é um escritor, bastante famoso pela sua série de livros envolvendo a personagem Misery Chastain. Um pouco pedante e extremamente ritualístico, o escritor tem certas manias, como a de, por exemplo, somente terminar um livro em Silver Creek, no Colorado. Ao terminar o seu primeiro livro fora da franquia que lhe tornou famoso, ele está indo em direção ao oeste quando é pego de surpresa por uma forte nevasca. Seu carro capota, e ele é socorrido pela enfermeira Annie Wilkes (Kathy Bates), e levado até a casa dela. Um detalhe importante: Annie se auto-intitula a fã número 1 do escritor.

Dirigido por Rob Reiner e escrito por William Goldman, “Louca Obsessão” é uma adaptação da obra de mesmo nome criada por Stephen King, e é considerado por muitos fãs do autor como uma das mais fiéis transposições para o cinema de uma das suas obras. O filme foi um grande sucesso na época, pela sua fiel retratação de um distúrbio mental assim como pela sua atmosfera pesada.

A princípio, Paul simpatiza bastante com Annie – pois além de ela sempre ressaltar a sua genialidade, ela está cuidando de todos os seus ferimentos (incluindo aí duas pernas quebradas e um ombro deslocado). É bem por acaso que surge o primeiro surto psicótico. Annie Wilkes é um personagem muito bem construído – Kathy Bates encarna com perfeição todas as desordens da personagem. Chega até a ser plausível que nem mesmo ela saiba o quanto é monstruosa. Suas oscilações de temperamento, a súbita mudança no tom de voz e na expressão. Sua obsessão por Misery Chastain a insere num pandemônio pessoal, fazendo com ela recorra a qualquer coisa pelo bem estar da sua tão amada personagem.

James Caan, entretanto, eu já não considerei no mesmo patamar de Bates. O trabalho dele não compromete, mas não senti a mesma dedicação tida por ela. Richard Farnsworth interpreta um xerife local, que está fazendo suas próprias investigações quanto ao sumiço de Paul, e Lauren Bacall interpreta a agente do escritor, que é a primeira pessoa a sentir sua falta.

Construindo o filme inteiro como um thriller, o diretor eventualmente se utiliza de algumas técnicas bem bacanas, quando por exemplo abre o filme com um cigarro, uma taça e uma garrafa de vinho só para depois nos mostrar, em retrocesso, que eles fazem parte do ritual de Paul sempre que termina um livro. E sua dedicação pelas suas obras é tanta que, ao notar que o carro vai derrapar, a primeira coisa que lhe vem a cabeça é segurar a pasta que contém o manuscrito original do seu novo livro.

“Louca Obsessão” caminha de maneira um pouco previsível, mas não decepciona em seu desfecho. O filme rendeu a Kathy Bates inúmeras premiações, incluindo aí um Oscar de melhor atriz, algo pouco comum para filmes do gênero - o que, entretanto, ressalva a qualidade da obra final.

7/10

Um comentário:

  1. De fato, o melhor em MISERY (detesto o titulo em português) é vermos uma atuação tão boa, tão perfeita quanto a de Kathy Bates, além, óbvio, de termos a chance de assistir uma adaptação muito digna, de uma historia de Stephen King, o que, normalmente, não acontece: muitas obras do escritor são levadas de forma muito mal produzida, para as telas de cinema.
    A crítica acima está ótima: clara, objetiva, sucinta, boa de ser lida.
    Também concordo que James Cann não tem uma atuação lá muito memorável, mas, como você diz: não compromete.
    E, por falar em Stephen King, assista e, se possível, critique um filme também baseado no autor e que, na minha opinião, é um belo filme: STAND BY ME (CONTA COMIGO).
    Maurício Amorim.

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