sexta-feira, 3 de junho de 2011

X-men: Primeira Classe

X-men: First Class @ 2011 @ dirigido por Matthew Vaughn



É difícil ver uma adaptação fiel de uma história em quadrinhos para o universo do cinema – durante a transposição, muita coisa se perde ou se altera. “X-men: Primeira Classe” não é a mais fiel das adaptações, mas ao tentar mostrar os primórdios da franquia cinematográfica, o resultado acaba sendo uma grande homenagem aos fãs não só pela sua eficiência como filme, mas também por invocar o sentimento de todos aqueles que presenciaram, nos quadrinhos, o crescimento do universo habitado pelos mutantes.

Se utilizando de alguns acontecimentos já mostrados nos filmes anteriores, voltamos a Magneto (Michael Fassbender), ainda adolescente, sendo separado da sua família pelos nazistas – um deles, entretanto, demonstra grande interesse pelo garoto e suas habilidades recém-reveladas. Ao mesmo tempo, Charles Xavier (James McAvoy) descobre que, assim como ele, existem outras pessoas com habilidades especiais. Voltando a época da trama, que se passa em 1962, em meio à crise de mísseis em Cuba, vemos Erik (longe de se tornar Magneto) em busca desse nazista, Sebastian Shaw (Kevin Bacon), que agora lidera um grupo secreto intitulado de Clube do Inferno. Os caminhos de Erik e Charles se cruzam a partir desse argumento inicial – enquanto um busca um acerto de contas, o outro busca descobrir a existência de mais pessoas como eles – e aqui eu ressalto o talento de McAvoy em compor um Charles que não hesita em derramar uma lágrima ao saber da existência de outros mutantes, mesmo que não tão bonzinhos como ele. O ator conseguiu mostrar perfeitamente o que Xavier sentiu ao saber que não estava mais sozinho.

Abusando de um estilo tanto quanto cartunesco, quanto modernizado, o diretor Matthew Vaughn conseguiu perfeitamente transportar o espectador a todo esse clima de “ínicio”, invocando o espiríto dos quadrinhos nas cores dos uniformes e nas composições das cenas – quando Banshee (Caleb Landry Jones) consegue voar pela primeira vez se utilizando dos seus poderes supersônicos, por exemplo, fui diretamente transportando às páginas dos quadrinhos. E apesar de se manter um pouco estática durante a projeção, a Emma Frost de January Jones passa todo aquele ar de sedução e misticismo que a personagem possui. Além das perfomances notáveis de McAvoy e Fassbender (o momento em que os dois dividem uma memória é tocante), que nos mostram como os laços de amizade surgiram e se fortaleceram entre os dois, destaco também o trabalho de Jennifer Lawrence como Mística, Nicholas Hoult como Fera e Kevin Bacon como Sebastian Shaw – que, ao superar as minhas expectativas, mostrou-se um vilão muito interessante (e sua habilidade foi retratada de maneira incrível). Interessante notar também o primórdio do preconceito contra os mutantes, que vai surgindo aos poucos (até mesmo entre eles próprios) - e o roteiro acertar ao tratar de tais questões, que não se diferenciam muito das discriminações presentes na sociedade atual, de uma maneira verdadeira.

O filme tem algumas falhas, claro, principalmente na parte técnica: a Angel (Zoë Kravitz) não me convenceu em nenhuma de suas cenas, principalmente ao usar seus poderes, assim como Destrutor (Lucas Till) – dois personagens extremamente descartáveis. Grande erro também foi não ter dado destaque a Darwin (Edi Gathegi) e sua incrível mutação. E apesar de dar uma misturada legal na cronologia, acho que há justificativas plausíveis para tais ocorrêcias – afinal de contas nem mesmo a cronologia oficial do universo Marvel nos quadrinhos é algo que possa ser levado tão a sério.

Se utilizando de efeitos especiais incríveis e uma inusitada, e bem realizada, carga dramática, “X-men: Primeira Classe” vai agradar não somente aos espectadores da série cinematográfica, mas com certeza vai arrancar pequenos sorrisos de todos os fãs dos mutantes que encontrarão os elementos fundamentais que consolidaram os personagens dentro da Marvel. Depois de uma derrapada feia em “X-men Origins: Wolverine”, a Fox conseguiu um blockbuster de qualidade, à altura dos anteriores.

9/10

Nenhum comentário:

Postar um comentário