quinta-feira, 26 de maio de 2011

Barrados no Shopping

Mallrats @ 1995 @ dirigido por Kevin Smith



Uma das melhores fases do Kevin Smith foi justamente quando ele abusou do seu intelecto nerd para criar histórias, quase todas interligadas, se utilizando de um humor inteligente e personagens “loosers” bastante convincentes – todas essas histórias se passam no View Askewniverse, um universo fictício criado pelo diretor repleto de caras idiotas e da recorrente presença de Jay e Silent Bob.

T.S. Quint (Jeremy London) está de viagem marcada com sua namorada, Brandi (Claire Forlani), e após uma discussão, ela termina com ele. Ao mesmo tempo, seu amigo, Brodie (Jason Lee, em seu primeiro papel de destaque), também acaba de receber um pé-na-bunda de Rene (Shannen Doherty) – para esfriar a cabeça, e também por não terem nada para fazer, os dois amigos decidem dar um rolé pelo shopping local, e lá encontram Jay (Jason Mewes) e Silent Bob (o próprio Kevin Smith), dois traficantes absurdamente vagabundos que ficam vagando pelo local enquanto falam besteira. Brandi desmarcou sua viagem com T.S. a pedido de seu pai (Michael Rooker), para participar de um programa de namoros que está sendo montado pelo mesmo, no próprio shopping. É a partir daí que todos se cruzam.

“Barrados no Shopping” não é um filme para qualquer um: é um filme de um nerd, feito para outros nerds. Os diálogos entre Brodie e T.S. quase sempre estão mencionando quadrinhos ou a cultura outsider da época, e todo esse universo é regado a pôsteres ou action figures de super-heróis, games, e por aí vai. São milhões de referências – das disputas entre fanboys até o cinto de utilidades carregado por Silent Bob. E o roteiro tem o cuidado de nos inserir a esse universo sem fazer com que todos os personagens soem como completos retardados.

Neste, que é o segundo filme passado no View Askewniverse (o primeiro foi “O Balconista”, de 1994), Kevin Smith dá seus primeiros passos com atores como Ben Affleck e Joey Lauren Adams – que viriam a participar de muitos dos seus futuros filmes – e basicamente não investe muito esteticamente. Há até mesmo uma memorável participação do Stan Lee (praticamente o pai da Marvel Comics), em um pequeno e bonito monólogo (e o coroa manda bem como ator).

A trama não oferece muitos desafios – é simplesmente um ensaio para os seus futuros e mais trabalhados filmes – o que não desmerece a obra, que sustenta o seu próprio estilo e consolida Smith nesse gênero do cinema. “Barrados no Shopping” não é de longe o seu melhor filme, mas vale a pena ser assistido, assim como todos os outros que fazem parte do View Askewniverse.

7/10

Nenhum comentário:

Postar um comentário